quarta-feira, 28 de abril de 2010

BCAA e performance

BCAA melhora função mitocondrial em músculos de atletas jovens. The effect of branched chain amino acids on skeletal muscle mitochondrial function in young and elderly adults.J Clin Endocrinol Metab. 2010 Feb;95(2):894-902. Epub 2009 Dec 18.

BCAA aumenta VO2máx e performance em atletas - Branched-chain amino acid supplementation increases the lactate threshold during an incremental exercise test in trained individuals. J Nutr Sci Vitaminol (Tokyo). 2009 Feb;55(1):52-8.

Falta de BCAA em ratos em exercício reduz formação de alanina e glutamina, resultando em acúmulo de lactato e amônia no músculo. - Disruption of BCAA Metabolism in Mice Impairs Exercise Metabolism and Endurance.J Appl Physiol. 2010 Feb 4. [Epub ahead of print]

Recomendação deste ano da Sociedade Internacional de Nutrição esportiva que os BCAA melhoram performance, estimulam sintese proteica, entre outros. Kreider RN. ISSN exercise & sport nutrition review: research & recommendations. Journal of the International Society of Sports Nutrition 2010, 7:7 (2 February 2010).

E há outros trabalhos mostrando que a ação dos BCAA é realmente efetiva quando se promove uma espécie de coquetel mitocondrial e muscular, ou seja, se associa os BCAA com creatina, glutamina, beta-alanina e L-acetilcarnitina. O estímulo de mTOR a partir da leucina é uma das coisas mais estudadas e comprovadas no mundo inteiro.

Assim como há trabalhos que mostram que o excesso de leucina poder levar a perda de massa muscular, ao catabolismo dos proprios aminoácidos de cadea ramificada e perda de performance, citado abaixo. Por isso acho fundamental a avaliação do nutricionista, mas não proibir o uso.

The effects of branched-chain amino acid interactions on growth performance, blood metabolites, enzyme kinetics and transcriptomics in weaned pigs. Br J Nutr. 2010 Apr;103(7):964-76. Epub 2010 Mar 3.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Creatina, cafeína e BCAA para atletas - NOVA POSIÇÃO DA ANVISA!!

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu autorizar o uso da cafeína e da creatina em suplementos alimentares para atletas profissionais. Antes, as duas substâncias só eram permitidas em alguns tipos de medicamento. Daqui a 18 meses, os suplementos deverão ter no rótulo frases de advertência recomendando que eles não sejam utilizados por quem não é atleta profissional, porque isso pode trazer riscos à saúde. A cafeína pode acelerar o coração e a creatina pode trazer problemas renais.

Pela ANVISA, atletas profissionais fazem da atividade física seu trabalho profissional e treinam em alto rendimento.

As embalagens de creatina deverão também trazer a advertência de que o consumo de mais de 3g por dia da substância pode trazer danos à saúde.

Além dessas duas substâncias, a Anvisa também permitiu a venda de suplementos para atletas na forma de "pack", ou seja de pacotes que reúnem unidades de produtos diferentes.

Já os aminoácidos de cadeia ramificada (AACR ou BCAA) foram retirados da categoria de alimentos para atletas porque não foi comprovado que eles melhoram o fornecimento de energia, o que eu não concordo de forma categórica.

Em todos os alimentos destinados a atletas, inclusive os isotônicos, a embalagem deverá trazer a seguinte frase: "Este produto não substitui uma alimentação equilibrada e e seu consumo deve ser orientado por nutricionista ou médico".

sexta-feira, 23 de abril de 2010

EPOCLER funciona?


Vc certamente já deve ter ouvido falar neste medicamento, com muita divulgação para consumo em pessoas com males hepáticos, caso vc abuse na alimentação ou no consumo de álcool. EPOCLER é formado nada mais por colina (na forma de citrato), betaína e metionina. Colina é uma vitamina do complexo B (B16), betaína é um derivado de vitamina do complexo B, e metionina um aminoácido. E porque seriam colocados juntos com esta finalidade. Porque os 3 participam das chamadas reações de metilação, que é uma das 12 etapas da 2ª fase de destoxificação do corpo, processos esses que ocorrem em torno de 60 a 70% no fígado. As reações de metilação (adicionar um grup metil - CH3) ajudam o corpo a tornar substâncias gordurosas, tóxicas e apolares (tipo etanol e seus derivados acetato e acetaldeído), em substâncias mais solúveis em água, mais fáceis portanto de serem eliminadas via fezes ou via urinária. Ou seja, EPOCLER é nada mais que um medicamento feito de nutrientes, uma forte tendência atual e creio que também para o futuro, onde trataremos grande parte dos males da humanidade com os compostos encontrados em alimentos. Para melhorar a eficácia seria ainda mais interessante que tivesse além destes 3 nutrientes, também as vitaminas B2, B6, B9 e B12, que trabalham em conjunto no processo de metilação e destoxificação, um pouco de glutamina e glicose.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Conheça o azeite de sacha inchi!!



Sacha inchi é o nome dado a uma espécie de amendoim muito consumido por povos encontrados na Amazônia Peruana. Tradicionalmente era a semente oleaginosa mais consumida pelos Incas, que acaba por também tornar esse fruto conhecido como Inca-Peanut, ou mesmo, Sacha Peanut ou Mountain Peanut. Seu grande ponto positivo é por ser mais uma fonte de ácidos graxos ômega-3, especialmente alfa-linolênico, só encontrado na canola, um pouco na soja, na semente de abóbora, algumas folhas verde-escuras, bastante na semente de linhaça e na camelina. A concentração de ácidos graxos ômega-3 chega a quase 50% do total de lipídios do óleo. Já existe em embalagem de vidro, como azeite de oliva, mas só importado. Ainda não temos trabalhos científicos com seu uso mas parece ser promissora.

Leia também:

Óleo de camelina

Azeite de oliva

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Comparando a aveia com a quinua!!

A quinua ou quinoa tem sido alardeada nos últimos anos pelo fato de ser um pseudo-cereal com a vantagem de não apresentar glúten e ter um excelente perfil de aminoácidos que se assemelharia ao da carne ou das proteínas de alto valor biológico. Porém uma avaliação mais detalhada dos diversos componentes deste grão comparando com a aveia mostra que não é bem assim. A quinua por exemplo apresenta concentração muito baixa de leucina, aminoácido de cadeia ramificada estimulante de mTOR fundamental para crescimento de fibras musculares. Além disso, a quinua tem de 0,2 a 0,3 menos triptofano que a aveia, portanto perde quando o assunto é formação de serotonina e melhora do sono e se sentir mais saciado, o mesmo acontecendo com o teor de valina, outro aminoácido de cadeia ramificada, fundamental para o funcionamento hepático, em baixa na quinua. Quanto ao glúten, a aveia tem um teor bem reduzido (próximo a 15%), e alguns trabalhos mostram que quando cozida ou assada o poder alergênico do glúten na aveia reduz a praticamente zero, portanto não há muito risco para intolerantes ao glúten (paciente celíaco na fase inflamatória eu retiro aveia). Já quando se fala de gorduras, o perfil de ácidos graxos ômega 3 da aveia não é tão bom quanto o da quinua, que é fonte mais rica de ômega-3, menos inflamatória portanto. A proporção w6/w3 da aveia é da ordem de 20:1 e da quinua é de 13:1. Por outro lado, o teor de ácido fítico é superior na quinua quando comparado a maior parte dos cereais, incluindo a aveia. os teores mais baixos encontrados na literatura na quinua são da ordem de 10,5mg/g, enquanto na aveia encontramos 7,6mg/g. O ácido fítico ou fitato é um potente inibidor da absorção de minerais, especialmente zinco e magnésio. O teor de fibras entre os 2 grãos é bastante similar, sendo considerados na sua forma integral, excelentes fontes de fibras. Portanto, o consumo de aveia ou quinua deve ser recomendado conforme o objetivo traçado entre o paciente e o nutricionista. Tenho o hábito de fazer muito em casa bolo de banana ou cenoura sem farinha de trigo e com uma mistura de aveia e quinua, com linhaça; saborosas e nutritivas opções.

obs: importante dizer que já temos produção nacional de quinua, que deve baratear nos próximos anos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Amora Miura!!



A black mulberry ou morus nigra ou amora preta ou amora miura é parente da black currant, que é a groselha negra. A amora está sendo muito divulgada pelo cultivo de uma família japonesa (patriarca Mamoru yamamoto) que produz o chá das suas folhas e criou um produto comercial, com divulgação de controle dos hormonios, tratamento da menopausa, perda de peso, calvicie, hipertensão, diabetes, disposição, osteoporose, efim, uma verdadeiro "milagre".

Claro que não duvido de nada, mas sempre vou bater na tecla que qualquer substância produzida na natureza pode ser boa para uns e ruim para outros, porque somos bioquimicamente diferentes e reagimos ao ambiente também de forma diferente.

Os trabalhos científicos indicam mais no sentido do composto TMBC (2,4,2',4'-Tetrahydroxy-3-(3-methyl-2-butenyl)-chalcone), que é um inibidor da enzima tirosinase. Esta enzima reduz a ação dos melanócitos em produzir melanina e pigmentar a pele, portanto o uso da amora pode facilitar a pigmentação da pele, fundamental para quem tem vitiligo ou psoriase, por exemplo.

Outra linha de pesquisa também já mostra ação analgésica do extrato da morus nigra, com dosagem proxima a 300mg/Kg.

Ainda há muito a se estudar pois em 2008 foram descobertos 3 novos compostos na amora, 2 flavonóides e um terceiro componente chamado de morunigrols A-C, que é da classe dos benzofuranos, cujas propriedades ainda não são conhecidas.

Fora outros compostos fenólicos já conhecidos mas ainda não testados como o acido olcancolico, apingenina, ciclocomunol, morusina, ciclomorusina, kuanon C e daucosterol. A maioria dos compostos fenólicos e flavonóides tem ação antioxidante e antiinflamatória, o que ajuda na prevenção e tratamento de toda doença crônica, tipicamente inflamatória.

Portanto, é realmente muito promissora, já utilizada há bastante tempo na Jordânia, no Japão, mas precisamos de estudos de longo prazo, com pessoas em idades diferentes, sexos diferentes, de etnias diferentes, doentes e sadios, e assim por diante.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Isto é Páscoa!!

Esta época não é para vc se empaturrar com "chocolate inflamatório ao leite", mas de refletir sobre os ensinamentos de quem foi morto, crucificado e retornou para lhe mostrar que a fé, a solidariedade, a compaixão, são capazes de tudo!! Fora da caridade não há salvação!!

Gorduras da dieta e endometriose


Estudo belíssimo acaba de ser publicado (23 de março) na revista Human Reproduction. O estudo avaliou 70709 questionários de hábitos alimentares de mulheres com diagnóstico de endometriose para observar a relação de consumo de ácidos graxos na dieta e a presença desta doença. Os pesquisadores concluíram que aquelas que ingeriram maiores quantidades de alimentos ricos em ômega-3 tinham 22% menos chance de desenvolver endometriose, enquanto que as mulheres com dietas ricas em gordura trans tinham 48% mais risco. Além disso, o consumo de ácido graxo palmítico, saturado, rico em carnes e leite e derivados, também está diretamente associado com o aumento do risco de endometriose. E a conclusão dos autores já era esperado. A indução da inflamação sistêmica, especialmente pelas gorduras trans é responsável por estas associações. Nas pacientes com consumo baixo de ômega-3 e alto de gorduras saturadas e trans, foi observado aumento de citocinas inflamatórias, especialmente IL-6. E um ponto importante foi o efeito protetor conseguido pelo ácido graxo alfa-linolênico, que é da série ômega-3, porém é encontrado na linhaça e no óleo de canola, e que muito estudos só conseguem mostrar efeito quando este ácido graxo é transformado em EPA e este em DHA, ou quando se consome peixes ou suplementos de EPA e DHA. Boa notícia porque a linhaça é muito barata, de fácil acesso, especialmente para grande parte de nossa população que não tem hábito de consumo de frutos do mar 5x a 6x por semana. As fontes de gordura trans produzidas pela industria são os produtos que contem gordura hidrogenada, tipo biscoito recheado, pipoca de microondas, batata frita, chips, etc. As fontes de gordura trans encontradas naturalmente nos alimentos são .... (ah, acho que não vou responder para não estragar a enquete ao lado). Para ler o estudo na integra, clique aqui.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O café continua controverso!!


Vejam vcs. Duas pesquisas lançadas no mesma revista (american journal of clinical nutrition), na mesma edição, hoje, primeiro de abril de 2010 sobre consumo do café. Dois resultados diferentes, ainda que algumas semelhanças. Em um deles, onde uma das autoras é brasileira, a nutricionista Daniela Sartoreli, da USP de Ribeirão, usou dados de um estudo francês que acompanha quase 70 mil mulheres com idades entre 41 e 72 anos desde 1990. Para relacionar o consumo de café das voluntárias e a menor incidência de diabetes, comparou dados de 1993 a 2007. O diferencial da pesquisa da Dani é que fez-se uma correlção com o horário de tomada do café, após as refeições. As mulheres que consumiram café após o almoço tiveram risco 34% menor de ter diabetes. A proteção não foi encontrada naquelas que tomaram café em outro momento. Versões cafeinadas ou não, com ou sem açúcar apresentaram os mesmos benefícios. Importante dizer que 60% das mulheres consumiam sem açúcar e, quando o adicionavam, era em quantidade bem menor do que aqui no Brasil. Uma das explicações possíveís é a menor absorção de ferro, já que níves de ferritina altos aumentam inflamação e levam à resistência à insulina.

A outra pesquisa avaliou o uso de 4 xícaras de café coado por dia no primero mês e depois 8 xícaras (cada uma com 150ml)no segundo mês. Os pacientes apresentaram redução da inflamação demonstrada por redução do colesterol total, aumento do HDL e aumento da adiponectina, a única citocina antiinflamatória produzida no tecido adiposo. Entretanto não foi observada nenhuma modificação quanto aos valores de glicemia, e ainda sim, ligeiro aumento na glicose, apesar de não ter sido considerado significativo.

Os dados são promissores, ainda que eu concorde com o Dr. Augusto Pimazoni (que é coordenador do Grupo de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da Unifesp) que andou dando declarações que "não crê que o consumo de café, isoladamente, seja capaz de promover benefícios clínicos significantes em termos de impacto populacional".

É continuar estudando e observando os resultados na nossa prática clínica. Tudo em moderação parece trazer benefícios. Vale a observação que o cafezinho francês é tomado com parcimônia, ao som de belas músicas, nas proximidas da Chans Elize e do Arco do triundo, da Torre Eiffel, com belíssima iluminação, bem diferente do pingado brasileiro, às pressas, na padaria, segurando a bolsa na frente do corpo para não ser roubada enquanto bebe, antes de ir para o trabalho. Cafezinho no fim da tarde com a excelente receptividade mineira é bem diferente e provavelmente traria melhores resultados nutricionais.

As pesquisas:

Daniela S Sartorelli, Guy Fagherazzi, Beverley Balkau, et al. Differential effects of coffee on the risk of type 2 diabetes according to meal consumption in a French cohort of women: the E3N/EPIC cohort study Am. J. Clinical Nutrition, Apr 2010; 91: 1002 - 1012.

Kerstin Kempf, Christian Herder, Iris Erlund, et al. Effects of coffee consumption on subclinical inflammation and other risk factors for type 2 diabetes: a clinical trial. Am. J. Clinical Nutrition, Apr 2010; 91: 950 - 957.

Você conhece o pineberry?


Pineberry é a tradução de morangos brancos com sementes vermelhas e gosto de abacaxi qe estão entrando no mercado europeu e com a globalização, devem chegar rapidamente no Brasil. As informações iniciais vem da Inglaterra que está entrando na primavera e, junto com a chegada da estação, uma rede de lojas de produtos de alimentação chamada Waitrose vai disponibilizar para a venda esta fruta. Chamada de Pineberry, é uma mistura das palavras em inglês pineapple, que significa abacaxi, e strawberry, inglês para morango. O Pineberry é uma variante selvagem do morango convencional, que é notadamente uma fruta da nossa região (América do Sul como um todo), e estava quase em extinção até ser encontrado por agricultores holandeses há cerca de sete anos, que resolveram cultivar o produto. A fruta será comercializada em 45 lojas Waitrose, e os saquinhos com 125g custarão cerca de R$ 10.