sábado, 31 de julho de 2010

Vagotomia pode levar ao ganho de peso!!

Estive nestes 2 ultimos dias na Jornada em Salvador de Nutrição Clínica Funcional e queria trazer uma informação que pode ajudar a muitas pessoas. Foi apresentado um trabalho que mostra que o nervo vago e suas ramificações gastro intestinais possui vários receptores para neurotransmissores intestinais, principalemente PYY, CCK e outros que apresentam ação sacietogênica, ou seja, quando são produzidos no intestino por ação de alimentos e nutrientes, levam mensagem ao cérebro que reduz o apetite e a vontade de comer. Passei então a propor a seguinte possibilidade: inúmeras pessoas fazem cirurgia de vagotomia (ressecção do nervo vago), parcial, total, troncular, para tratamento de gastrite e úlcera (pois o nervo vago estimula contração do estômago e liberação de suco gástrico), o que por consequência pode reduzir drasticamente a capacidade de inibir a fome e ficar saciado. Assim, é preciso ficar atento se as pessoas que fazem este tipo de cirurgia tem tendência ao ganho de peso com o passar do tempo.

Tribulus terrestris pode trazer riscos!!

Vou colocar a tradução do resumo deste artigo que acaba de sair pois ainda não tive tempo de ler por completo, mas fica mais uma vez o alerta do porque as pessoas não devem tomar medicamentos, suplementos, fitoterápicos sem orientação de um profissional. E mesmo os profissionais, se atualizem e sejam criteriosos com o que prescrevem.


Medicamentos á base de ervas estão sendo progressivamente utilizados em todo o mundo. No entanto, os fitoterápicos não são isentos de riscos e vários casos de reações adversas têm sido descritos. Tribulus terrestris é usado tradicionalmente por causa de suas atividades inibidoras da formação de cálculos renais e como afrodisíaco. Nós (os autores) relatamos um caso de hepatotoxicidade induzida, nefrotoxicidade e neurotoxicidade por uso de T. terrestris em um paciente do sexo masculino iraniano que usou o extrato da planta para evitar a formação de pedra nos rins. Ele apresentou transaminases séricas (exame que avalia função hepática) e creatinina muito elevadas (exame que avalia função renal) após consumir água de ervas por 2 dias. A descontinuação do remédio herbal resultou em melhora dos sintomas e normalização das enzimas do seu fígado.


Tribulus terrestris-induced severe nephrotoxicity in a young healthy male. Nephrol Dial Transplant. 2010 Jul 28. [Epub ahead of print]

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Chá verde pode não ser bom para tireóide - Parte 2!!

Hoje li novamente um trabalho que analisou uso do extrato de chá verde em um grupo ou simplesmente as catequinas do chá verde em outro grupo (catequinas são os principais compostos flavonóides do chá verde), em relação à função da tireóide. Os dois grupos de ratos apresentaram redução na função de tireóide peroxidase (enzima que funciona para a colocação da iodo na tireoide - faz iodetação) e redução da deiodinase 1, enzima que converte o hormônio T4 em T3, que é o hormônio ativo da tireoide e que responde pelas suas principais funções. Portanto, consumir chá verde em alta concentração pode não ser benéfico e desregular a tireóide. Há relatos de que parte desta ação se dê pela presença~excessiva de flúor no chá verde, mas este trabalho já aponta no sentido das catequinas. Importante observar que quase não há trabalhos feitos em humanos.

Chá verde pode não ser bom para tireoide - parte 1.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Faça a sua escolha!!!

Comitê recomenda que FDA recolha remédio para câncer de mama nos EUA - 21/07/2010 - 14h53 - www.folhaonline.com.br

Um comitê de especialistas nos Estados Unidos recomendou na terça-feira (20) ao FDA (órgão que fiscaliza alimentos e medicamentos nos EUA similar à Anvisa) a retirada do mercado do produto Avastin (bevacizumab), empregado no tratamento contra o câncer de mama.

FDA diz que droga contra câncer de mama não prolonga vida
Doze dos 13 analistas que compõem o comitê se pronunciaram contra o remédio por considerar que ele não causa melhorias entre as pacientes que sofrem metástases de câncer de mama, e sim numerosos efeitos colaterais.

A recomendação do comitê não tem caráter vinculativo, embora o FDA em geral siga seus conselhos.

O FDA aprovou o uso do remédio, da farmacêutica suíça Roche, em 2008, depois que um teste apontou que ele estendia em até cinco meses o prazo para que o câncer de mama piorasse.

Testes mais recentes, no entanto, não mostraram que as pacientes que utilizaram esse remédio sobreviveram mais tempo.

Por outro lado, mostraram efeitos colaterais como um aumento da pressão arterial e níveis anormais de leucócitos no sangue.

O remédio também é empregado para combater o câncer de cólon, pulmão, rim e cérebro.

Que tal trocar pelo saudável e comprovado?

1 - Pode ser comendo uva e tudo que é roxo.
Artigo: Resveratrol Prevents Epigenetic Silencing of BRCA-1 by the Aromatic Hydrocarbon Receptor in Human Breast Cancer Cells.J Nutr. 2010 Jul 14. [Epub ahead of print]

2 - Pode ser linhaça ou peixe.
Artigos: Flaxseed oil-trastuzumab interaction in breast cancer.Food Chem Toxicol. 2010 May 21. [Epub ahead of print]

3 - Pode ser azeite de oliva, abacate, Castanha do Pará ou de caju, frutas, verduras e legumes.
Artigo: Conformity to traditional Mediterranean diet and breast cancer risk in the Greek EPIC (European Prospective Investigation into Cancer and nutrition) cohort. Am J Clin Nutr. 2010 Jul 14. [Epub ahead of print]

4 - Pode ser aumentando as concentrações de vitamina D
Artigo: Relation between prediagnostic serum 25-hydroxyvitamin D level and incidence of breast, colorectal, and other cancers.J Photochem Photobiol B. 2010 May 12. [Epub ahead of print]

5 - Reduzindo o consumo de leite de vaca e aumentando derivados da soja, especialmente os fermentados.
Artigos:

Dairy product consumption and the risk of breast cancer. J Am Coll Nutr 2005; 6: 556S–568S.

Consumption of dairy products and the risk of breast cancer: a review of the literature. Am J Clin Nutr 2004; 80: 5–14.

Determination of naturally occurring progestogens in bovine milk as their oxime derivatives using high performance liquid chromatography-electrospray ionization-tandem mass spectrometry.J Sci Food Agric. 2010 Aug 15;90(10):1621-7.

Effect of dietary soy intake on breast cancer risk according to menopause and hormone receptor status.Eur J Clin Nutr. 2010 Jun 23. [Epub ahead of print]


6 - Mantendo o peso adequado e praticando atividade física.
Artigo: Roles of adiposity, lifetime physical activity and serum adiponectin in occurrence of breast cancer among Malaysian women in Klang Valley. Asian Pac J Cancer Prev. 2010;11(1):61-6.

A escolha é sua!! Comece desde já!!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Medicamento estatina não funciona como preventivo!!

Pesquisadores britânicos colocaram em xeque o uso indiscriminado de estatinas (remédios para diminuir os níveis de colesterol) por pessoas com colesterol elevado, mas sem doença cardíaca.

Revisão de 11 estudos constatou que o uso de estatinas como prevenção primária, nessas pessoas saudáveis, não reduz a mortalidade. Os resultados foram publicados na revista "Archives of Internal Medicine".

Para chegar a essa conclusão, foram analisados dados de 65.229 pessoas: 32.623 tomaram estatinas e 32.606 receberam placebo.

Depois de quase quatro anos, 2.793 participantes do estudo haviam morrido (1.447 dos que tomaram placebo e 1.346 do grupo que recebeu o remédio).

Segundo os pesquisadores, a diferença no número de mortes não tem relevância estatística e, por isso, comprovaria que as estatinas não têm efeito preventivo.

Os voluntários que tomaram placebo tinham níveis de LDL (colesterol ruim) maiores do que os que tomaram estatinas e, mesmo assim, os índices de mortalidade foram semelhantes, conforme o estudo.

Fonte: FERNANDA BASSETTE
DE SÃO PAULO - www.folhaonline.com.br 16/07/2010

Mais um caso dos vários que já mostrei aqui!!

O medicamento Avandia, do laboratório britânico GlaxoSmithKline (GSK), utilizado contra a diabetes, aumenta o risco de problemas cardiovasculares, segundo a análise dos resultados de 50 testes clínicos publicados e que confirmam estudos anteriores.


Esta análise, realizada pelos médicos Steven Nissen e Kathy Wolsky da Cleveland Clinic Foundation, estudou 56 ensaios clínicos até fevereiro de 2010 e mostrou que o risco aumenta de 28% a 39%.

Os testes contaram com a participação de 35.531 pacientes, dos quais 19.509 haviam tomado Avandia (molécula rosiglitazona), enquanto 16.022 foram tratados com o medicamento Artos (molécula pioglitazona), da mesma categoria que o anterior mas do laboratório japonês Takeda.

"Estes resultados são similares aos estudos feitos anteriormente (em 2007) pelo laboratório britânico GlaxoSmithKline - o fabricante -, a agência americana de medicamentos (FDA, Food and Drug Administration) e pesquisadores independentes, e dão conta de um aumento de risco cardiovascular nos doentes que utilizam a rosiglitazona", afirmam os autores destes trabalhos publicados na versão on-line do jornal Archives of Internal Medicine.

"A FDA já anunciou que um grupo de especialistas independentes se reunirá em julho para recomendar ou não a retirada deste medicamento do mercado", acrescentam os autores em um comunicado.

A análise foi publicada no fim de junho, antes que essa reunião aconteça, e voltará a ser publicada na versão impressa do jornal médico no dia 26 de julho.

A comercialização da rosiglitazona foi autorizada em 1999 pela FDA para tratar a hiperglicemia - taxa elevada de açúcar no sangue - nos pacientes que sofrem de diabetes tipo 2 ou nos adultos.

Cerca de 300 milhões de pessoas no mundo sofrem de diabetes, das quais 23 milhões são americanas.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Como estamos em relação à vitamina D?

A deficiência de vitamina D está cada vez mais evidente nas pesquisas e nos pacientes. É cada vez mais comum encontrar pessoas com menos de 40 de vitamina D séricas, sendo que os trabalhos mostram que precisamos de cerca de 70. Se a deficiência em adultos já é grave (vitamina D é preventivo de câncer, de diabetes, de osteoporose, e vários outros), imagine nas crianças onde o corpo está todo sendo preparado para a fase adulto e o envelhecer com saúde!?

Um cáculo simples de uma dieta para uma criança entre 2 e 3 anos:

Infelizmente as fontes alimentares de vitamina D são apenas os peixes, ovos e fígado.

1 ovo tem cerca de 20UI de vitamina D que dão cerca de 0,5mcg de vitamina D. 50g de sardinha (e só há boa quantidade de vitamina D em peixes gordos, mesmas fontes de ômega-3, como salmão, sardinha e atum) tem cerca de 2,5mcg de vitamina D. Somando teriamos 3mcg, e o que ainda faltaria 2mcg para alcançar os 5mcg necessários para uma criança de 2 a 3 anos. Ou seja, a criança precisa consumir ovo e peixe quase diariamente, e para variar, trocar um destes dois por fígado, e ainda consumir algum alimento enriquecido com vitamina D, exemplo: leite formulado (não é leite comum, é tipo NINHO), peti suisse (Danoninho, etc), creme vegetal (BECEL, VITA, CYCLUS, etc), cereal integral enriquecido. Fora, tomar sol 20 a 30 minutos diariamente.

E não é fácil fazer isso, até porque leite, danoninho, creme vegetal, etc não são muuuito sáudáveis, ovo tem seu lado alergênico, etc. Portanto esta é mais uma das políticas públicas de saúde que defendo, que é o enriquecimento de alimentos com vitamina D (EUA fortificam obrigatoriamente todos os leites de mamíferos e de soja), e não este absurdo de enriquecimento de ferro das farinhas.