
Leiam parte da entrevista concedida por Dilma Rousseff, presidenta do Brasil, à ABESO:
ABESO: Em dezembro do ano passado, o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, se juntou à ABESO dando o apoio do Ministério da Saúde para a Campanha da Obesidade Infantil e Pré-Natal que estamos desenvolvendo. Existe algum plano governamental contra a escalada da obesidade?
Presidenta: A ABESO está de parabéns por essa iniciativa, que demonstra que sociedade e poder público podem atuar juntos na promoção da saúde. Em relação às ações do Ministério da Saúde na atenção à obesidade, estão em curso várias iniciativas, desde o monitoramento do estado nutricional da população atendida pelo SUS até a implementação da Estratégia Nacional de Promoção da Alimentação Complementar Saudável, a Enpacs, que atua junto com a Rede Amamenta, orientando mães e crianças. Outro projeto importantíssimo, já em andamento, é o Programa Saúde na Escola. Uma novidade adicional, muito interessante, foi a inclusão de nutricionistas nos Núcleos de Apoio ao Programa Saúde da Família. O Ministério da Saúde também está elaborando o Plano Nacional de Redução da Obesidade, que deve ser lançado brevemente. É um Plano com diversas abordagens, como o aumento da oferta de alimentos saudáveis, a promoção da alimentação saudável e da prática de atividade física, estratégias de informação e comunicação, e controle e regulação de alimentos.
Considero que uma área fundamental nesse contexto é a da indústria de alimentos. O governo federal trabalha junto com o setor produtivo buscando a redução dos teores de gorduras, açúcar e sódio nos alimentos processados. Já conseguimos êxitos expressivos na redução e eliminação das gorduras trans em várias categorias de alimentos. E estamos discutindo proposta específica para a redução do consumo de sal e sódio pela população. Pelos esforços que vem fazendo na prevenção da obesidade, o Brasil obteve reconhecimento em nível internacional, por meio do International Obesity Taskforce (IOTF), que encaminhou mensagem de congratulações ao Ministério da Saúde, em agosto de 2010. Eles deram destaque às ações brasileiras de regulação da publicidade de alimentos, de monitoramento das tendências de obesidade na população, de gerenciamento da obesidade nos serviços de saúde, de estímulo ao aleitamento materno e introdução adequada e oportuna dos alimentos após o período de amamentação e, também, aos avanços na alimentação escolar.
Espero que o profissional nutricionista esteja incluído nestes programas e idéias, por exemplo, com contratação efetiva para os centros de saúde, com atendimento diário, programa saúde em casa ou similares, e assim por diante. É preciso cobrar. Ao menos, parece que finalmente o Brasil vai se preocupar com a sua própria epidemia de obesidade.