terça-feira, 29 de setembro de 2009

Etanol e câncer!!

Não costumo indicar nenhuma bebida que contenha álcool por menor que seja o seu teor. Diversos trabalhos tem mostrado que o etanol reduz a biodisponibilidade de ácido fólico, especialmente no fígado, diminuindo a capacidade de promover metilação adequada do DNA, favorecendo a mudança na estrutura deste componente celular, o que induz a cancer. Além disso, alguns estudos são clássicos em demonstrar que o etanol é um grande estimulador da produção de estrógenos, o que favorece replicação acelerada de células (maior chance de cancer de intestino, mama, fígado, utero, prostata). E uma terceira relação é que o etanol sofre detoxificação de fase I e fase II no fígado. Na fase I é biotransformado em acetaldeído, altamente carcinogênico para o proprio fígado e outras células. Se o etanol não for detoxificado na fase II, acetaldeido acumula. A fase II vai requerer aldeido desidrogenase e NAD, e é possivel encontrar varias pessoas com polimorfismo para esta enzima, ou seja, não consegue fazer a fazer II. Resultado: Agudamente, o efeito tóxico do etanol será a depressão do sistema nervoso central (SNC). Esse fato ocorre, em princípio, devido à ação exercida por este álcool nos sistemas inibitório e excitatório do SNC, onde ele atua potencializando a ação do ácido gama-aminobutírico (GABA), principal neurotransmissor inibitório do SNC, em seus receptores específicos, e ao mesmo tempo inibe a ação do glutamato, um dos principais neurotransmissores excitatórios, nos receptores N-metil-D-aspartato (NMDA). Com isso, ocorre inicialmente euforia e excitação, devido à depressão dos mecanismos de controle inibitório central. Dependendo da concentração, o paciente pode apresentar ataxia, fala arrastada, nistagmo, sedação, irritabilidade, loquacidade, desatenção, estupor, coma e evolução para o óbito, devido à falência respiratória. Cronicamente, a ingestão continuada de álcool etílico poderá produzir tolerância, de modo que, nesses indivíduos, níveis sangüíneos extremamente elevados (300 a 400 mg/dl) não causam sedação aparente e os etilistas incontroláveis não só apresentarão tolerância como também adquirem a dependência física, o que os obriga a manterem um nível sangüíneo constantemente elevado do álcool, começando com uma ingestão diária pela manhã. O acetaldeido produzido cronicamente acaba por provocar lesão de hepatócito e cancer por consequencia.

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