sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ômega-3 para gestantes

Desde 2007 existe uma recomendação da Associação Dietética Americana de que todas as gestantes e lactantes devem ingerir ácidos graxos ômega-3, em especial, DHA, em virtude deste ácido graxo ser fundamental para formação neuronal e da visão dos bebês. Segundo a recomendação, o consumo de DHA deve ser próximo a 200mg/dia, e o que os países ocidentais em geral consomem não chega a 150mg/dia. A mesma recomendação mostra que 500mg/dia de EPA e DHA para adultos de uma forma geral, já funciona como preventido de doenças cardiovasculares. O que tendo a discordar da recomendação é que não é viavel consumir fontes de alfa linolênico (nozes, canola, linhça, etc) para ter a presença do DHA pois a conversão destes ácidos graxos no corpo seria muito baixa. Trabalhos do ano passado e deste ano mostram que a taxa de conversão de ALA em EPA pode chegar a 21% (quando a dieta tem proporção 1:1 de w6:w3 ou 16/17% quando esta proporção fica na casa de 5:1, o que é mais viável de se conseguir na prática). A taxa de conversão para DHA é que ficaria na casa dos 1%. Entretanto, a conversão de EPA em DHA acontece pela participação da beta oxidação peroxissomal, o que tem se mostrado muito deficiente nas pessoas. E é este o alvo a ser perseguido e que tenho mostrado nos meus cursos, como estimular a beta oxidação, para não ter que precisar suplementar DHA em altas concentrações, somente em casos necessários. Veja então um cálculo rápido: apesar de valores diferentes em tabelas, usando os menores valores que encontro, em 20g de linhaça (2 colheres de sopa) existem cerca de 5000mg de ALA. Com a taxa de conversão de 1%, temos 50mg de DHA ao dia. Se estimularmos a beta oxidação, essa taxa chega a 3%, ou sejam passamos para 150mg ao dia de DHA. Se for comer peixe 3x na semana, sendo sardinha (mais barata), 80g da carne do peixe, rendem 300mg de DHA por peixe, logo 900mg nos 3 dias (divida por 7, terá mais 130mg ao dia). Ou seja, apenas com um pouco de linhaça e peixe 3x na semana e em pequena quantidade, dá para se conseguir quase 300mg de DHA por dia, no que já teríamos atingido a recomendação para gestante. Se pensarmos em alteração cardiovascular, precisaríamos de 500mg/dia. Mas ainda temos as nozes, o azeite, linhaça em bolos e sucos, óleo de canola para cozinhar, salmão 1x na semana (dia de promoção de carnes, em geral fica mais barato que coxão mole), tudo aumentando o teor de EPA e DHA. Quando estivermos falando de alguém com uma patologia já instalada (ex: hipertrigliceridemia), aí provavelmente será necessária a suplementação.

2 comentários:

Marina disse...

Olá professor, gostei muito de saber sobre o ômega-3 para gestantes, mas também gostaria de saber como seria a suplementação de ômega-3 para crianças, qual a quantidade para crianças obesas.
Obrigada desde já.
Marina Costa

Ana Flávia Máximo Nutrição disse...

Henrique,
Parabéns pela análise, vou inclusive indicar no meu blog.
Sempre alimentos e alimentos, suplementação só para casos específicos.
Muito bom mesmo!
Abraço
Ana