sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Síndrome de Gilbert e LDL

Minha colega Glaucia fez um comentário na postagem anterior sobre esse tema. Realmente tenho lido algumas coisas desse tema pois pacientes com Síndrome de Gilbert (SG) fazem parte de um grupo muito interessante. A sindrome de Gilbert é caracterizada por apresentar elevações nas concentrações de bilirrubina, que é pigmento da bile, ou seja, existe ligeiro aumento das concentraçõs de bile na corrente sanguinea (icterícia)). Em geral, a bilirrubina que mais aumenta é a indireta ou a não conjugada. Isto ocorre pela incapacidade de conjugação da bile que é feita com o ácido glicurônico, geneticamente reduzido em paciente com a Sindrome, ou reduzida por efeitos ambientais, como jejum prolongado, exercícios físicos extenuantes, menstruação ou após a utilização de alguns medicamentos. O ácido glicurônico é formado bioquimicamente na via das pentose-fosfato, que por sua vez é estimulado pelos carboidratos, especialmente glicose e frutose. Além disso, são fundamentais neste processo as vitaminas do complexo B. Um aspecto importante dos paciente com a SG é que eles apresentam baixos niveis de LDL, e isto ocorre segundo a literatura pela baixissima capacidade de oxidação das membranas destas particulas, o que faz com que estes pacientes tenham baixo risco cardiovascular. Há dois trabalhos do ano passado que confirmam bem isso. A oxidação da LDL se dá em 3 fases e a 3º fase é chamada de fase Lag (lê-se leg). Nesta fase, a oxidação depende da presença de antioxidantes lipossolúveis, especialmente vitamina E na particula e da ação da enzimas antioxidantes. E é aqui que aparece parte da explicação para os baixos niveis de LDL e altos niveis de HDL em pacientes com SG. Como a bilirrubina não é conjugada e ela vem da hemólise (destruição das hemácias no sangue), existe um aumento na liberação do ferro da hemoglobina presente nas hemácias, o que força o corpo a produzir maior quantidade de enzimas antioxidantes para prevenir a oxidação exercida pela ferro na reação de Fenton. Esse aumento no aporte antioxidante reduziria também a oxidação da LDL, não só por ação do ferro mas inibindo também a oxidação pelo cobre (reação de haber-weiss). LDL quando não está oxidada, é rapidamente retirada da corrente sanguine e seus níveis no sangue reduzem. O que não posso afirmar é se pelos niveis muito baixos de LDL nestes pacientes, eles apresentariam maior risco de câncer. Ainda não li nada a respeito mas como nutricionista, diria que é bom ficar atento.

Artigos citados é só clicar:
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Um comentário:

Glaucia disse...

EXCELENTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!