Quando me refiro a comer batata (título) estou me dirigindo à batata inglesa, ainda que existam inumeras outras variedades, tipo batata doce, baroa, vermelha, yacon, entre outras. A batata é um tubérculo reverenciado pelo alto conteúdo de amido, carboidrato importante para geração de energia. Entretanto, a depender da forma de preparo, cozida é o mais tradicional, sua digestão é muito facilitada, provocando aumento no indice glicêmico, ou seja, uma chegada muito rápida de glicose na corrente sanguinea, e por consequencia no pâncreas, levando à descargas insulinêmicas, portanto, aumentando o risco de hipertrigliceridemia e obesidade. Ou seja, interessante comer batata cozida após um período ativo, e não depois de ter ficado sentado no computador por 3 ou 4 horas. Outro aspecto importante é que a batata é fonte de lítio, oligoelemento fundamental para prevenção e tratamento da depressão. Cozida no vapor, mantém boa quantidade de vitamina C presente na sua polpa. Um aspecto menos divulgado da batata é a ação das suas proteínas. Vejo alguns colegas falarem da presença da patatina, porém o que encontro na literatura deste ano é a presença das remorinas (remorin), proteína presente na batata que ajuda a reconstituir membranas celulares humanas e tem altissima atividade antimicrobiana. Pelo contrário, há uns trabalhos de 2001 e 2002 que mostram que a patatina (também chamada de SOl T1) pode induzir a reações alérgicas mediadas por IgE, em crianças. Assim como boa parte dos vegetais, batata tem logo abaixo da sua casca mais grossa, boa quantidade de quercitina, flavonóide de altissimo poder antioxidante e antiinflamatório, relacionado por exemplo a inibição de câncer e melhora da circulação sanguinea e linfática.
Uma desvantagem importante é que, ano sim, ano não, a batata está sempre entre os 5 vegetais com maior quantidade de agrotóxicos, o que me faz indicar a preferencia para uso da batata orgânica. Quando não possível, criar o rodízio de batatas, tipo uma semana a inglesa, na outra a doce, na outra inhame, na outra mandioca, e assim por diante. Outro problema grave é que as batatas quando fritas ou assadas em altas temperaturas(tipo chips por exemplo), formam dentre si a acrilamida, potente indutor de inflamação e câncer. Há um trabalho muito legal deste ano publicado no American Journal of Clinical nutrition mostrando que o consumo crônico desta forma de preparo de batata aumenta o envelhecimento com aumento de espécies reativas de oxigênio (radicais livres), aumenta proteína C reativa (indicativo de inflamação) e aumenta chance de formação de placa aterosclerótica.
Enfim, saiba como e quando comer batata. Cozida no vapor é a melhor indicação, ou cozida com rabada e agrião, por exemplo. Batatas recheadas e protegidas da oxidação com um pouco de azeite e alecrim, também vale a pena.
dica: mancha verde na batata pode indicar presença de solanina. Diferentemente do que as vezes vejo e escuto, solanina é um glicoalcalóide que por clivagem hidrolítica libera um alcalóide, a alcamina. A alcamina é rapidamente absorvida pelo trato digestivo considerado responsável pelas manifestações sistêmicas. A parte da solanina não hidrolizada, produz intensa irritação da mucosa gastrointestinal, com o aparecimento das manifestações gastrintestinais em pessoas mais sensíveis, tipo diarréia e vômito. Neste caso, evite comprar a batata assim ou consumi-la crua.
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