quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Como baixar o ácido úrico??


Ácido úrico elevado no corpo pode levar à gota. Existem 2 formas principais de produção de ácido úrico no corpo. Ou ele criado/transformado a partir das purinas, ou ele é criado no processo de isquemia/reperfusão. Vou abordar o processo hepático. No fígado, as purinas, precisam ser destoxificadas, ou seja, precisam ser transformadas em um composto mais sólúvel e que o corpo tenha vias metabólicas para sua eliminação. Este composto é o ácido úrico. Neste processo hepático, as purinas como todos os compostos participam de 2 fases no processo de destoxificação. Na fase 1 está a enzima xantina desidrogenase, que é ativada e vira xantina oxidase (XO), que converte purinas em ácido úrico. Portanto, estimular esta enzima aumenta ácido úrico, e reduzir ação desta enzima, reduz a produção de ácido úrico. E é isto que tenho lido ultimamente, compostos com capacidade de agir sobre a XO. Tenho visto na literatura, por exemplo, em relação a fitoterápicos, as plantas/flores Koelreuteria henryi, Erythrina stricta Roxb, Lonicera hypoglauca, Selaginella labordei (temos várias espécies brasileiras de selaginela, essa que encontrei com ação na XO parece que não temos na flora brasileira) e Pyrenacantha staudtii (no caso desta ultima, os compostos presentes com maior potencial de ação sobre XO são os glucopiranosídeos, beta-sitosterol e taraxerol). Um trabalho de revisão bem legal do J Nat Prod deste ano, mostra também ação de luteolina (vegetais de tom mais roxo e preto), quercetina (casca das frutas e hortaliças), apigenina e mirecitina (outros flavonóides com poder um pouco mais baixo para o ácido úrico mas maravilhosos para inibir câncer de ovário, por exemplo - encontramos em chás, uvas ou vinho tinto, maçãs, alfaces, couves, mirtilo, laranjas, aipo e tomate) e silibinina (consituinte derivado da silimarina, presente no cardo mariano. Achei muito interessante um trabalho que li também sobre o extrato aquoso de uma larva, muito comum na lavoura brasileira, que se chama Pieris brassicae larvae, e os autores relatam ser a primeira descoberta sobre um inseto/animal e não uma planta com capacidade de produzir vários compostos fenólicos, com estruturas muito complexas, que eles mesmos desconhecem, mas que se mostraram inibidoras da XO (trabalho publicado no J Agric Food Chem deste ano, que é de Portugal - aproveito, um abraço ao amigo Pedro Bastos - fenômeno da nutrição). Belos trabalhos para melhorar nosso arsenal contra a produção excessiva de ácido úrico. Um abraço.

4 comentários:

Maria Gonçalves disse...

Olá Prof. Henrique. Tenho uma dúvida que não está diretamente relacionada a postagem atual, mas gostaria de fazer. Li recentemente em um site informando que o betacaroteno era transformado em Vitaminas A,C, B2 e B3 e que a vitamina B5 era conhecida como Niacina. Isso confere????

Unknown disse...

Em, principio não. Betacaroteno pode virar vitamina A, mas tudo depende do contexto onde estava escrito. Niacina é b3 e b5 é o ácido pantotênico.

Ana Flávia Máximo Nutrição disse...

Pôxa que ilustração "hard" que você achou para essa postagem, deu até arrepio.

Ah! O que você acha de Isofort?

Abraço
Ana Flávia

André Santos disse...

Já ouvi falar que a bromelina é também capaz de reduzir os níveis de ácido úrico. Seria por esse mesmo mecanismo citado ou apenas pela facilitação da digestão?